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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Importação em alta força ajustes no país - Fonte: Valor Econômico - 14.10.2010

Autor(es): Vera Saavedra Durão
Do Rio

Valor Econômico - 14/10/2010

O crescimento das importações de aço traz um novo paradigma no mercado brasileiro. As siderúrgicas locais terão de criar nova sistemática em sua política de fixação de preços nas venda domésticas. A avaliação é de Marcelo Aguiar, analista das áreas de mineração e aço, papel e celulose e etanol do Goldman Sachs. Para ele, as importações vieram para ficar devido a crédito farto, excesso de capacidade no mundo, demanda forte no mercado interno e cambio apreciado. Nesse cenário, as mudanças estruturais na siderurgia do país poderão ir além dessa questão: a indústria tende a se especializar na fabricação de produtos mais nobres - menos commodities - e pode até estimular um movimento de consolidação de ativos.

O cenário desenhado pelo analista do banco é de cautela para as siderúrgicas instaladas no Brasil, pois o contexto global do setor é de dura competição. Isso tem se refletido mais no mercado de aços planos, mais afetado pelas importações. As usinas sentiram o tranco. Até agosto, as compras externas desse aço já representavam 28% do consumo aparente nacional. O fato acabou derrubando os valores dos prêmios cobrados por elas nas vendas locais, ante o produto estrangeiro internado. A partir do terceiro trimestre, as siderúrgicas baixaram seus prêmios, para 8% a 10%, índices bem inferiores aos do início do ano, de 20% a 30%.

Nas previsões de Aguiar, esses percentuais praticados nos negócios de aços planos não deverão passar de 10% a 15%. O prêmio sobre a tonelada de aço longo também deve cair, mas numa extensão menor devido as barreiras naturais que protegem esse produto no mercado interno. Enfrentam dificuldades para embarques de produto com especificações diversas, dependendo do mercado a que se destina. Mesmo assim, Gerdau e ArcelorMittal têm mantido seus prêmios bem baixos.

Há informações de que o grupo Gerdau estaria cortando preços entre 5% e 20%, dependendo do cliente e do produto. Na média, os cortes estariam ao redor de 8% a 10% e impactarão os resultados do quarto trimestre de 2010.

O analista prevê que a queda do valor do prêmio do aço "made in Brazil" comercializado no país deverá reduzir o lucro do setor siderúrgico nacional já nos últimos três meses do ano. No relatório divulgado semana passada, ele projeta corte no ganhos das siderúrgicas em 6%, na média, em 2010 e em 49%, na média, em 2011. Segundo explica Aguiar, no próximo ano a queda do lucro das usinas pode ser maior porque elas terão de manter a estratégia de redução dos preços internos, pois vão terão de enfrentar preços menores para o aço no mercado internacional, conforme as projeções do relatório de banco. Nesse contexto, verão reduzidas as chances de minorar as perdas internas com as exportações .

O Goldman Sachs trabalha com um "cenário de urso" para as economias dos Estados Unidos e da Europa em 2011. O próximo ano será, talvez, mais um ano em que a indústria global do aço irá operar com margens abaixo dos patamares históricos. O anúncio de fechamento de usinas chinesas neste ultimo trimestre de 2010, para poupar energia, pode no curto prazo aliviar um pouco a trajetória cadente dos preços internacionais do produto. Mas o banco americano não visualiza um forte e sustentável retorno no futuro próximo.

A indústria global do aço está operando, atualmente, com 73% da capacidade. Para os preços subirem de forma sustentada seria preciso operar acima de 80%, avalia.

Com retornos bem inferiores a média histórica, margens operacionais comprimidas e custos de expansões mais elevados devido as mudanças estratégicas adotadas para enfrentar a competição externa, o banco não descarta a possibilidade de a siderurgia no Brasil - na nova década - iniciar um movimento de consolidação. A expectativa da saída de acionistas do bloco de controle de grandes siderúrgicas locais poderá acirrar o apetite de grandes corporações ao redor do mundo. O Brasil está no radar dessas gigantes devido ao forte crescimento do seu mercado doméstico, alerta o relatório.

A tendência nos próximos cinco anos é de acirramento da competição no setor, pois o país vai ampliar investimentos para sediar a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016. Até lá, novos grupos siderúrgicos estrangeiros devem desembarcar aqui e agregar novas usinas ao parque local para disputar o mercado doméstico com os nacionais e com importações de aços mais comoditizados, de aplicações menos nobres. Isso seria feito pelos distribuidores, que não abririam mão de uma fatia desse comércio.

Fonte1: Valor Econômico
Fonte2: Portal Clipping MP
Link: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/14/importacao-em-alta-forca-ajustes-no-pais - acesso em: 14.10.2010

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