Projeto que une pesquisadores da UnB e uma empresa local cria sistema avançado de monitoramento de veículos. Técnica permite ler desde informações básicas, como a rota e o nível de combustível, até a calibragem dos pneus
Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Emerson (E), da empresa parceira da UnB, e Bruno: hardware “mais barato e competitivo”
Fazer com que minúsculos chips de silício se tornem peças inteligentes é o desafio de boa parte dos cientistas da computação. No subsolo do Instituto Central de Ciências, o Minhocão, da Universidade de Brasília (UnB), a meta é garantir que placas repletas desses circuitos controlem carros e caminhões espalhados em todo o território nacional. Tudo a partir de um computador que se comunica com cada veículo pela internet. Em cliques, é possível saber detalhes mecânicos dos carros e até mesmo desligar os motores em caso de desvio da rota autorizada.
O projeto Karmonitor, uma parceria de pesquisadores do Departamento de Ciência da Computação da UnB com uma empresa de tecnologia da cidade, pretende implantar o monitoramento remoto de frotas. Os primeiros testes começam nesta semana, em cinco veículos de uma locadora de Brasília. Com a placa instalada, o servidor poderá “ler” informações dos carros — como o nível de combustível, a pressão do óleo, a velocidade, as rotações por minuto, a distância percorrida em determinado tempo e também dados mais sofisticados, como a calibragem dos pneus, dependendo do modelo do veículo.
“Todos os carros já vêm de fábrica com uma espécie de computador que monitora alguns aspectos. Mas esse computador não tem muita inteligência. Nossa placa entra nisso. Ela lê o RPM, a pressão do óleo e ‘decide’ o que fazer com essas informações”, explica Bruno Pedroso, coordenador da equipe do Karmonitor. Com o carro na internet, o gestor da frota poderá verificar a quilometragem e o consumo médio de combustível, saber se o carro teve algum problema ou se está na hora de fazer revisões. “A gente também consegue fazer alarmes de velocidade e distância. Com o Google Maps(1), pelo navegador, o monitoramento da rota será muito mais eficaz”, diz Pedroso.
O desenvolvimento da placa durou um ano e meio, com tentativas em três dispositivos até se chegar ao protótipo final. “Para cada placa, a gente teve que aprender a integrar três módulos: o GPRS, um chip de celular que faz a comunicação via internet, o GPS, que pega dados da posição do carro, e o OBD2, que lê as informações do veículo”, detalha o mestrando da UnB Bruno Rolim. A primeira placa foi doada por uma empresa de Belo Horizonte. “Depois, desenvolvemos uma placa superpoderosa, que tinha o poder de processamento de um iPhone. A terceira e última atendeu aos nossos objetivos e é comercialmente mais viável”, diz o coordenador da equipe. Bruno Pedroso calcula que a placa terá um preço de custo em torno de R$ 300 a R$ 400.
O Karmonitor poderá ser instalado em veículos de transportadoras e empresas que terceirizam frotas. No começo, o grupo pensou em focar o produto para órgãos governamentais, mas desistiu da ideia ao verificar que a maioria das frotas é de empresas privadas. O Karmonitor também é voltado para locadoras e empresas de táxi. A pesquisa de marketing começou há pouco tempo, mas já há um interessado na placa. “Trocamos toda a base do projeto para um hardware mais barato e competitivo e conseguimos um cliente antes mesmo do fim do projeto”, comemora Emerson Lopes Machado, pesquisador e consultor da Sea Tecnologia, empresa parceira da UnB no projeto.
Mão na roda
Os testes que serão realizados a partir desta semana vão ajudar a empresa de Bruno Reis a controlar a frota de 85 veículos e melhorar o atendimento a clientes. A BR22 trabalha com aluguel de carros para pessoas físicas e com terceirização de frotas. “Hoje a gente depende do cliente para ficar sabendo como está a quilometragem e se está na hora da revisão. Com o Karmonitor, faremos isso a distância, garantindo sempre o melhor desempenho dos veículos”, afirma Reis. O empresário espera ampliar o controle sobre a condução dos carros. “Se o automóvel estiver acima da velocidade da via, podemos emitir um relatório e dar uma advertência ao motorista”, ressalta Reis.
Além das vantagens para futuros clientes, o projeto também é inovador para os desenvolvedores do produto. Isso porque os pesquisadores são “obrigados” a programar para cada uma das placas, como se tivessem que aprender uma linguagem nova para os dispositivos testados. “A gente acaba mexendo diretamente com o hardware, e isso não é uma coisa muito vista durante a faculdade de ciência da computação”, comenta Bruno Rolim. Por conta disso, estudantes e pesquisadores se envolvem com disciplinas que não são da sua área de formação. “Trabalhamos com muita matemática, engenharia, eletrônica. Essa parte metodológica é um diferencial”, opina Rolim.
O Karmonitor foi bancado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia e deve terminar até o fim deste ano. Nos próximos meses, as adaptações serão feitas com base no retorno que a BR22 dará aos pesquisadores. “Procuramos fazer uma boa integração entre a academia e a empresa. Já tivemos aqui alunos sem experiência alguma no mercado, que, pouco depois, estavam trabalhando sozinhos. As pessoas acabam se engajando nas duas coisas: na pesquisa e na produção”, diz Eduardo Santos Marques, outro consultor da Sea Tecnologia que atua no projeto.
1 - Rotas na web
O Google Maps é um aplicativo que localiza endereços por meio da geração de mapas pela internet. Criado em 2005, o serviço foi incorporando novidades ao longo do tempo. Em algumas cidades, é possível checar itinerários de ônibus e metrô. Em lugares dos Estados Unidos, há como traçar um trajeto de ciclovias e ciclofaixas. No Karmonitor, o Google Maps é usado para definir o perímetro por onde os carros devem trafegar.
Fonte: Portal Clipping MP - Correio Braziliense - 07/07/2010
Link Fonte: http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/7/7/controle-de-frotas-mais-eficaz/
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