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terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Especialista diz que atribuir aumento de acidentes nas estradas a chuvas é equívoco


Olá Pessoal,

Na Logística temos também a Logística de Infra-Estrutura, que envolve o trânsito de automóveis, meios de transporte público, rodovias, etc.. Ela está bem relacionada com a Engenharia.

Abraço,
Fabiana


Especialista diz que atribuir aumento de acidentes nas estradas a chuvas é equívoco

O Globo
08.Jan.09

RIO - O governo está despreparado para administrar recursos e problemas do trânsito brasileiro, na avaliação do professor da Coppead/UFRJ Paulo Fleury, especialista em logística. Ele afirma que, pelos estudos que realiza, é um equívoco atribuir às chuvas o aumento no volume e na letalidade dos acidentes nas estradas, como aconteceu nas festas de fim de ano, com 435 mortos só nas rodovias federais. Ele diz que falta investir em fiscalização e tecnologia de informação nas estradas, o que reduziria o número de acidentes.

Em 2008, o governo federal deixou de aplicar os recursos reservados para os setores de manutenção das rodovias e educação no trânsito. A falta de investimentos pode ser considerada um dos nós do setor?

PAULO FLEURY: Não aplicar os recursos que estão alocados é mais uma evidência do despreparo das instituições governamentais responsáveis pelo controle e legislação do trânsito. Em nada me surpreende o aumento do número de acidentes, dado o despreparo técnico das equipes governamentais responsáveis pelo trânsito, como bem mostra a não aplicação de recursos.

Que medidas podem ser tomadas para evitar a repetição de números trágicos como os da virada do ano?

FLEURY: Uma delas é exigir o uso de dispositivos de segurança nos veículos: cintos de segurança, air bags, estrutura capaz de absorver o impacto dos acidentes. Também é importante introduzir o conceito de estradas inteligentes, com uso intensivo de tecnologia de informações nas estradas para alertar e evitar acidentes e criar centrais de informações a nível nacional. É fundamental implementar um sistema nacional de atendimento aos acidentados nas estradas, com ações do tipo: unificar o atendimento aos acidentados; criar centrais de atendimento padronizadas e especializadas, gerando uma rede de atendimento no país com qualidade garantida; padronizar equipamentos (ambulâncias); treinar técnicos especializados em atendimento de emergências.

A Polícia Rodoviária Federal atribuiu, em parte, o aumento dos acidentes às fortes chuvas que caem no país no começo do verão. Esse é mesmo um fator determinante?

FLEURY: Nossos dados não sustentam o argumento da Polícia Rodoviária. Nada indica que a chuva aumenta a possibilidade de acidentes. Os números se referem às análises estatísticas que fizemos com base na pesquisa de ocorrência de acidentes nas estradas em 2005. O principal fator gerador de acidentes nas estradas são as falhas humanas, com 66% dos eventos. O segundo são as condições das vias, onde se inclui a pista escorregadia, responsável por apenas 8% dos acidentes, segundo nossos dados. Em 52% dos acidentes, a pista estava em condições normais. As principais causas de pista com problemas são curva fechada (20%) e má-conservação (17%). Isso não significa que a chuva torna a pista mais escorregadia.

Um outro dado alarmante é o aumento do grau de letalidade dos acidentes. A que o senhor atribui isso?

FLEURY: O aumento da mortalidade se deve a vários fatores. Veículos cada vez mais possantes, e caminhões mais pesados, aumentam em muito a chance de mortes nos acidentes, assim como os efeitos permanentes nos que sobrevivem. A construção e a recuperação de novas rodovias sem o uso de novas tecnologias disponíveis só fazem aumentar o número e a gravidade dos acidentes. Pode quase ser considerado um crime contra a população, que não está minimamente informada, o que poderia ser evitado com treinamento contra acidentes de trânsito. É uma área que teve dinheiro alocado e não utilizado.

Chama atenção a quantidade de veículos lotados nas estradas, segundo a Polícia Rodoviária Federal. É uma questão de falta de leis?

FLEURY:O excesso de passageiros é certamente uma questão de fiscalização, como a maioria dos problemas com acidentes de trânsito.

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