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domingo, 30 de novembro de 2008

Só na capital, 58,6% dos roubos de carga

Só na capital, 58,6% dos roubos de carga
O Estado de S. Paulo

Um levantamento inédito sobre o roubo de cargas no Estado de São Paulo mostra que 58,6% das ocorrências (1.815 casos) registradas no primeiro semestre deste ano aconteceram dentro da capital, em áreas urbanas que concentram transportadoras de cargas, acessos a rodovias e bolsões de caminhoneiros. Os bairros de Vila Maria (110 roubos) - com grande concentração de galpões de transportadoras -, Cidade Ademar (117) - caminho para o Porto de Santos - e Capão Redondo (103) concentraram 10,3% dos 3.096 casos.

São 17 roubos diários de carga, em média, índice que se mantém estável desde 2004, ao contrário de modalidades que apresentaram queda nos últimos quatro anos, como homicídios e seqüestros. No País, no primeiro semestre, foram registrados 6.102 roubos - São Paulo representa 50%.

As estatísticas da Secretaria de Estado da Segurança Pública, fornecidas por meio de convênio de cooperação ao Sindicato das Transportadoras de Cargas (Setcesp) e obtidas pelo Estado, mostram que os roubos estão cada vez mais concentrados na Região Metropolitana de São Paulo - com 78,8% das ocorrências. "Os receptadores nunca são presos, é um crime que compensa para os marginais", afirma o coronel da reserva José Roberto de Souza, assessor de segurança do Setcesp.

Em 2006, os roubos na capital respondiam por 53% das 6.027 ocorrências, enquanto as rodovias tinham 19%. No primeiro semestre deste ano, porém, 15,3% dos casos (474) foram em estradas. Desses, mais da metade (262 casos) está concentrada em cinco rodovias: Dutra (72), Régis Bittencourt (62), Anhangüera (63), Castelo Branco (33) e Fernão Dias (32).

O mapa do roubo de carga indica ainda que os criminosos agem durante o dia, nos horários de entrega de mercadorias. Entre 6 e 16 horas, houve 69% dos casos do semestre. O horário entre o fim da manhã e o início da tarde (10 e 12 horas) é o pico das ações das quadrilhas, com 587 roubos no semestre.


Restrições

Apesar de os dados do terceiro semestre não terem sido divulgados, as restrições aos caminhões no centro expandido da capital não aumentaram o número de roubos, segundo o Setcesp. "A maior parte das transportadoras, com medo dos assaltos de madrugada, comprou carros menores, como Kombis, para a entrega durante o dia. Monitoramos os casos de roubos nos distritos do centro expandido. Não houve aumento com as restrições", diz Souza.

Os roubos de carga aumentaram 8% no segundo trimestre, em comparação com os três primeiros meses do ano. Em relação aos primeiros semestres de 2006 e 2007, contudo, a média de 17 casos por dia segue estável. Mas os valores das cargas roubadas subiram de uma média mensal de R$ 17,056 milhões, entre janeiro e junho de 2007, para R$ 18,272 milhões neste ano, o equivalente a um aumento de 7,13%.

Os alvos dos bandidos são cargas com valores entre R$ 3 mil e R$ 30 mil (1.688 ocorrências ou 54,5% do total). As transportadoras afirmam que a especialização das quadrilhas e a falta de tecnologia da Polícia Civil nas investigações são fatores determinantes para a manutenção dos altos índices de roubos de carga. Segundo donos de transportadoras, o monitoramento por GPS é facilmente obstruído. "As quadrilhas aprenderam a mexer nesses aparelhos. E não há segredo, basta um papel-alumínio na ponta da antena do GPS que o sinal do rastreamento some", comenta o sócio de uma transportadora com sede na Vila Maria, zona norte, uma das regiões campeãs de roubos na capital paulista.

As transportadoras afirmam ainda que as escoltas - reduzidas pelas empresas nos últimos anos justamente para diminuir o número de pessoas com informações sobre as cargas - também costumam ser dominadas nessas ações. "As quadrilhas fazem um vasto monitoramento dos passos da carga, antes de darem o bote. Eles sabem o momento mais frágil e atacam", afirma o dono de outra transportadora da zona norte de São Paulo.

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